Monday, September 27, 2010

A dor e a delícia de se mudar de DNA

A quantidade de artigos e entrevistas sobre a mudança de DNA - também chamado "processo de ascensão" - que encontramos pela Internet é impressionante! Este assunto já estava circulando na rede há algum tempo, mas nunca me chamou tanto a atenção até seis meses atrás. Foi quando eu comecei a ter crises de pânico, sem nenhuma razão aparente, e quando a minha menstruação desapareceu e comecei a ter sintomas de menopausa, apesar de ter 42 anos e de ser de uma família em que as mulheres entram na menopausa perto dos 60 anos.

Nestes seis meses passei por várias fases. No começo, custei a acreditar que não estava gravemente doente. Achava que ia morrer mesmo e é uma coisa tão angustiante, que não conseguia expressar o que estava sentindo: não chorava, não pedia socorro e às vezes não conseguia nem ao menos ligar para o meu médico homeopata, apesar dele me deixar sempre a vontade para procurá-lo a qualquer hora do dia ou da noite. De um modo geral, minha vontade era de, simplesmente, abrir a porta de casa e sumir... Andar tanto, pra algum lugar não específico, desaparecer do meu mundo conhecido.

Nesta fase inicial, lembro que meus minutos de alegria diários eram quando eu pegava carona de moto para a escola e que sentia o vento gelado batendo em mim. O vento frio, apesar de eu ser, normalmente, muito friorenta, causava um certo alívio dos sintomas. Qualquer contato físico era, para mim, meio torturante, eu sentia uma certa aversão à proximidade física e carinho. Minha cabeça não parava de funcionar, com pensamentos invasivos sendo disparados em uma rapidez tão impressionante, que eu podia jurar que estava enlouquecendo pra valer!

Não quis ir ao psiquiatra, apesar de ouvir várias recomendações para fazer isso. Preferi me tratar com homeopatia (minha opção desde os 17 anos), acupuntura e terapia craniossacral. Além disso, fazia Reiki em mim mesma todos os dias, praticava o Ho'oponopono e mais adiante comecei a fazer yoga terapia hormonal, uma técnica desenvolvida por Dinah Rodrigues (vale a pena ler o livro). Na verdade, eu não me conformava muito com esta história de Síndrome do Pânico & Menopausa Precoce, algo não batia bem dentro de mim em aceitar isso.

Até que um dia eu comecei a procurar na net os sintomas que eu estava tendo e fui parar em um destes sites que falam do processo de ascensão. Fiquei muito impressionada com a descrição perfeita de tudo que eu estava sentindo e me lembrei que em 1991, quando ninguém falava de mudança de DNA, um empresário que eu fui entrevistar começou a me falar sobre esse assunto e me disse, inclusive, que eu tinha várias características de quem estava mudando de DNA. Na época, achei o papo estranho, mas como sempre gostei de papo estranho...rs

Pois bem, quando fui toda feliz contar para o sócio sobre minha descoberta, ele começou a rir de mim, perguntando se eu ia virar mestra ascensionada. Confesso que fiquei bem chateada, pois eu estava sofrendo muito com todo aquele processo que, por um lado era emocional, mas, por outro, era muito físico! A cada crise que eu tinha, o meu corpo ficava muito dolorido, pelo tanto que vibrava internamente. Era muito desgastante...

Hoje, não posso dizer que estou totalmente "normal" (diz o marido que eu nunca fui totalmente normal mesmo...rs), mas melhorei muito e tenho certeza que estou no caminho certo para encontrar meu equilíbrio. Resolvi, então, fazer esta postagem e listar meus sintomas, quem sabe desta forma consigo ajudar outras pessoas que estejam passando pela mesma situação.

Sintomas, em ordem cronológica de aparecimento e suas variáveis:

* Taquicardia muito forte
* Cabeça pulsando
* Dores de cabeça variadas e em partes diferentes da cabeça
* Tremedeira
* Dores no peito
* "Secura", como se o emocional estivesse bloqueado, não conseguia chorar
* Vontade de largar tudo e sumir
* Sensação de estar acalorada e muito agitada sempre
* Elevação da pressão arterial (chegou a 14 por 9, sendo que sempre foi 10 por 6)
* Dores "que andam" em especial no peito, braços e mãos
* Estranha vibração que toma o corpo todo, como se as células estivessem acelerando
* Visão turva e ardência nos olhos
* Sensação de estar louca, perdendo o contato com o que chamamos realidade
* Sensação de "algo mexendo dentro da cabeça"
* Pensamentos se atropelam na cabeça e tudo parece muito confuso
* "Premonições difusas", não chegam a se formar completamente, mas é como se fosse "adivinhar" alguma coisa
* Menstruação desaparecida
* Calores que sobem pelo peito, apertam a garganta a ponto de sufocar e espalham pelo rosto
* Falta de libido, apesar de muita energia corporal
* Saúde extremamente boa, imunidade alta (na escola, todos caíram gripados no inverno, eu não)
* Fome muito instável. Ora muita fome, ora fome nenhuma
* Vontade de comer doce (nunca liguei muito)
* Crise de choro com súbita lembranças de fatos da infância

O mais importante durante os sintomas é ter confiança de que tudo vai passar e que quanto mais estivermos tranquilos e entregues ao nosso "Deus Interno", mais fácil será superá-los.



Monday, September 20, 2010

Eleições: o que se esconde por detrás do nosso voto?


Está chegando aquele momento em que todos fazem questão de treinar o discurso, tanto os políticos quanto os cidadãos de bem de plantão, que adoram nos lembrar de nossos direitos cívicos, patrióticos ou seja lá o que for. Pois é, a tal da eleição!

Outro dia estava me perguntando: será que eu deixei que os anos, a experiência e os cabelos brancos por debaixo do xampu tonalizante me transformassem em uma criatura amarga e sem esperança? Creio, sinceramente, que não. Mas, sem dúvida, me transformaram em uma pessoa menos iludida e ingênua (no mal sentido).

Já acreditei que poderíamos avaliar o nível de democracia de um determinado país pelo direito ao voto direto. Isso, certamente, foi uma conclusão de alguém que viveu a infância e parte da adolescência dentro de uma ditadura militar. Hoje, com os olhos mais abertos e a visão crítica bem mais apurada, percebo que dar direito ao voto sem dar candidatos decentes para se votar vale muito pouco em termos democráticos.

Mas vamos por partes, porque o assunto é longo é polêmico.

A primeira questão a ser levantada é a seguinte: por que somos obrigados a votar? Isso deveria ser um direito e não um dever! Pois eu respondo: porque, se o voto não fosse obrigatório, teríamos um record de abstenções que deixaria bem claro que algo estava errado em relação aos candidatos apresentados. Em países em que o voto não é obrigatório, só costuma votar o eleitor mais consciente e, caso não haja alguma fraude, os políticos eleitos (sejam eles bons ou não) são resultado do direito de escolha do povo.

Agora, acompanhem comigo... Qual seria o resultado desta mistura-braba: voto obrigatório, país com nível educacional/cultural baixo, com falta de orientação política e... políticos sem ética? Na minha opinião, seria o voto só para "cumprir tabela", desvinculado de qualquer consciência cidadã, ou o voto por interesse de barganha (meu voto por uma cesta básica, meu voto por cimento e tijolo).

Vamos um pouco mais além e pensar no seguinte: até que ponto, mesmo nós, criaturas que tiveram acesso à educação, cultura e formação política, não agimos mecanicamente, como bichinhos condicionados? Todos nós repetimos, como papagaios, aquele velho refrão " anular voto é coisa de gente ignorante". Quem disse? Provavelmente, aqueles que têm profundo interesse em receber o nosso voto a qualquer preço!

Tentemos, então, escapar do condicionamento, da programação repetida tantas vezes em nossa cabeça, que faz uma mentira virar verdade. Se precisamos votar em alguém que deve nos representar e, ao olharmos a lista de candidatos, não conseguimos encontrar alguém que seja digno de nos representar... alguém em quem confiamos, que admiramos, com quem compartilhamos ideologias e opiniões, então, o lógico é que tenhamos a opção de não votar. Se não temos esta opção, já que o voto é obrigatório, que anulemos nosso voto, pois esse ato é o que melhor expressa a nossa opinião sobre os candidatos que nos são apresentados.

Com isso - vejam bem! - não estou fazendo aqui a apologia ao voto nulo, mas, com certeza, estou defendendo o direito de não votarmos em pessoa alguma, caso não se apresentem candidatos que mereçam o nosso voto. E que façamos isso de forma consciente e segura, de "cabeça erguida", por saber que esta, sim, é uma atitude ética, com vistas ao bem comum e de seriedade política.

Eu já decidi: vou votar somente em um candidato para Deputado Estadual. É alguém que já foi prefeito de minha cidade e simplesmente foi a melhor gestão que tivemos! É um homem inteligente, honesto, chato de tão correto (por isso que nos damos bem...rs), competente e merece meu voto. Se ele vai ganhar? Não sei... Mas isso não é corrida de cavalos, pra gente querer apostar em quem vai ganhar! De resto, votarei nulo. Assim... Sem peso na consciência!

Cabe mais um adendo: se o Serra eu não quero de jeito algum e a Marina já não me diz tanto quanto já disse antes; em relação à Dilma, digo que o governo Lula pode não ter sido o governo dos meus sonhos (efetivamente, não foi), mas em termos gerais, foi o melhor governo que tivemos no pós ditadura. Só alguém acometido de amnésia (ou banqueiros, ou presidentes norte-americanos, ou...) pode dizer que o governo Fernando Henrique foi melhor... Mas enfim, cada um com seu cada um. Por outro lado, exatamente porque o governo Lula não foi o governo dos meus sonhos, que não vou votar em sua candidata. Estou cansada de, na política (e em outras coisas da vida também) ter que escolher o "menos ruim" ou o mais ou menos.

Já faço a prévia para as eleições municipais de 2012: possivelmente, vou votar nulo de ponta a ponta! Porque mais catastrófico do que o 21 de dezembro, com as previsões de profecias Maias e apocalípticos de plantão, será a lista de candidatos para vereador e prefeito que teremos por aqui, na cidade onde eu moro. Quem viver, verá!

PS: coloquei a imagem de uma urna tradicional em sinal de protesto contra a urna eletrônica, uma das maiores mentiras (dita mil vezes pra virar verdade) da vida política brasileira. Para quem tiver curiosidade, ler: isto e isto.

Saturday, September 18, 2010

Vesti uma roupinha fresquinha e saí por aí...



Pois então...

Da imensa lista de coisas boas que sinto quando o frio tenebroso do inverno são-lourenciano vai embora e o calorzinho chega, uma das que se destaca é a possibilidade de me vestir de uma forma mais bonita, mais leve, menos opressiva. Não sei quem inventou a tal história de que no frio ficamos mais elegantes, nos vestimos melhor... Provavelmente, foi alguém bem anti-ecológico que mora ao norte do Equador e possui uma gama enorme de casacos de pele. Não é o nosso caso, aqui no Brasil-varonil...

Inverno por aqui quer dizer colocar uma roupa por cima da outra, tentando se aquecer desesperadamente! Quem mora no litoral ou em cidades mais quentinhas, consegue resolver isso facilmente. Mas eu, que moro na serra, em um lugar que no inverno os termômetros chegam a marcar 1 ou 2 graus, chego a ficar com claustrofobia durante o inverno! Me afogo dentro de dois ou três pares de meias, meia calça de lã por baixo do jeans, e uma quantidade de blusas e agasalhos que me fazem parecer uma barrica! Isso não é nada elegante!

Outro dia, comentava na escola onde trabalho o absurdo que é termos aqui (e em várias cidades do país) uma temperatura que pode ser comparada com a de alguns lugares da Europa e, no entanto, não termos aquecimento interno nas casas, empresas, prédios públicos. Em resumo, não temos a menor infra-estrutura para administrar o frio do inverno, o que nos torna umas trouxas de roupa durante pelo menos três meses por ano.

Mas isso acabou!!! A-ca-bou! E, se Deus quiser, ano que vem poderei passar mais tempo longe daqui enquanto estiver tão frio. Mamãe me ensinou, quando era criança, que eu devia gostar da chuva, porque a chuva faz bem para as plantinhas. Cresci (não muito) e sempre que chove eu tenho que ficar repetindo para mim mesma "a chuva faz bem pras plantinhas... a chuva faz bem pras plantinhas..." Pois é... Não sou muito chegada à chuva. A chuva de verão eu gosto! Essa sim! Pancadão, pingos grossos, no meio do calor e quando acaba a chuva, volta o sol e traz o arco-íris junto com ele. Dessa eu gosto muuuuito... Mas não gosto daquela chuva fina e depressiva, que se repete durante dias, ou da mais fortinha, que gela os ossos, e faz com que acordar cedo para ir trabalhar seja ainda mais torturante do que o normal. Pois com o frio é a mesma coisa! Acredito que o frio sirva para alguma coisa, já que a Natureza tem um caráter prático inquestionável! Mas que eu não gosto dele, ah, não gosto não... Posso dizer, sem medo de exagerar, que quando chega o mês de Maio, a proximidade das temperaturas mais baixas me deixa deprimida, quando não apavorada. Um medo estranho percorre meu corpo. O medo de sentir frio, as dores do frio, o incômodo do frio, as noites mal dormidas de frio. Convivo com o frio, porque não há outro jeito, mas deixo registrado nos anais da história que faço isso com muito, muito (muuuuuito) sofrimento.

Ainda bem que o calorzinho chegou! Hoje cometi a ousadia de dormir de camiseta e calcinha (tudo bem, ainda por baixo de um grosso edredon), e isso é algo que me remete ao passado... E me traz uma sensação muito boa... Uma época em que eu andava dentro de casa assim, de camisetão e calcinha, estava casada há pouco tempo (primeiro casamento), ainda morava no Rio, terra calorenta, e trabalhava de meio dia às seis, no jornal da AECB. Acordava às sete e pouco e ligava o som... Ia arrumando a casa, fazendo comida, dançando feito doida e cantando também...rs Sempre gostei de ficar sozinha! Acho que foi a coisa mais legal a usufruir depois que me casei: ter uma casa só pra mim durante a manhã! rs

Voltando ao presente... A primeira roupinha foi a que vesti para ir trabalhar na sexta-feira. Fez um sucesso na escola, especialmente o detalhe do terço pendurado no pescoço. A galera falou que era pra rezar as crianças...rs O segundo modelito foi pra ir para a acupuntura de tarde. Os joelhos precisam ficar de fora para receberem agulhadas! :-)

Ah, calorzinho bom... Obrigada, Senhoooorrrr!!!!!

Wednesday, September 15, 2010

Chegou!!!!! Já posso trazer a chuva! :-)

Graças aos deuses que ainda resta algo de narcisismo nesta criatura que vos fala!!! rs

Explico: é que diante de tanta crise interna, tique-tique nervoso e outros quetais (yeah! adoro quetais..rs), é bom perceber um pouco de auto-estima despontando no horizonte!

A questão mais importante, no entanto, é: meu tambor lindo maravilhoso, salve-salve chegou! :-))) Era para eu colocar uma foto minha tocando o dito cujo, mas as fotos ficaram todas feias e esta, em que ele aparece lá no fundo, ficou tão simpática... Pois então!

Fica o tambor em segundo plano e euzinha em primeiro plano, afinal de contas, sou eu que vou tocá-lo (se tudo der certo...rs) Ainda posso fazer uma dança da chuva pra ver se a bendita cai!

Hoje estou num dia SIM, acho que dá pra notar ;-)

Sunday, September 12, 2010

A moça sem mãos

Havia uma vez um moleiro que, pouco a pouco, foi caindo na miséria e nada mais lhe restou que seu velho moinho, atrás do qual havia uma macieira. Certo dia, tendo ido catar lenha na floresta, aproximou-se dele um velho que nunca tinha visto antes, o qual lhe disse:

- Por que te cansas tanto a rachar lenha? Se me prometeres o que está atrás do moinho eu te tornarei imensamente rico.

"O que mais poderá ser, senão minha macieira?" pensou o moleiro, que respondeu:

_ Está bem, prometo - E o desconhecido fê-lo assinar um compromisso.

- Daqui a três anos virei buscar o que me pertence., - disse o velho sorrindo, sarcasticamente, e indo embora.

Ao voltar para casa, sua mulher correu-lhe ao encontro e, admirada, perguntou-lhe:

- Dize-me, marido, de onde vem essa riqueza que subitamente nos invadiu a casa? Todos os caixotes e caixas, de maneira inesperada e repentina, ficaram cheios de coisas. Não vi pessoa alguma entrar em casa e trazer tudo isso, e não sei explicar de onde veio.

O marido então explicou:

- Foi um desconhecido que encontrei na floresta. Ele prometeu-me grandes tesouros se lhe cedesse o que está atrás do moinho. Assinei um compromisso que lhe cederia, pois bem, podemos dar-lhe nossa macieira, não achas?

- Ah, marido, - gritou, espantada, a mulher - esse desconhecido era o diabo! E não era a macieira que ele prtendia, mas a nossa filha, que estava nessa hora varrendo o quintal atrás do moinho!

A filha do moleiro era uma jovem muito bonita e muito piedosa. Passou aqueles três anos no mais santo temor de Deus e sem cometer nenhum pecado. Decorrido esse prazo estabelecido, no dia em que o diabo decia ir buscá-la, ela lavou-se bem e com um giz traçou um círculo ao seu redor. Logo cedo o diabo apareceu, mas não lhe foi possível aproximar-se dela. Então, muito zangado, disse ao moleiro:



- Tens que tirar-lhe toda a água a fim de que não possa lavar-se, porque senão não terei nenhum poder sobre ela.

O moleiro, amedrontado, prontificou-se a obedecer. Na manhã seguinte, o diabo, apareceu novamente, mas ela havia chorado sobre suas mãos e estas estavam completamente limpas, de novo o diabo não conseguiu aproximar-se dela. Então, furioso, disse ao pai:

- Corta-lhe as mãos, do contrário não poderei levá-la!

O pai, horrorizado, queixou-se:

- Como poderei cortar as mãos de minha própria filha?

O demônio então ameaçou-o, dizendo:

- Se não o fizeres, tu serás meu e levar-te-ei comigo!

O moleiro, acabrunhado, prometeu obedecer-lhe. Foi ter com a filha e disse:

- Querida filha, o diabo ameaçou levar-me se eu não cortar as tuas mãos; dominado pelo medo, prometi fazê-lo. Ajuda-me nesta minha angústia e perdoa-me pelo mal que te faço.

- Querido pai - respondeu a jovem - sou vossa filha, podeis fazer de mim o que quiserdes.

Estendeu-lhes as mãos, deixando que lhas cortasse.

O diabo veio pela terceira vez, mas ela havia chorado tanto, durante todo o tempo, sobre seus pobres côtos que estes ficaram limpíssimos. Tendo assim perdido qualquer direito sobre ela, o diabo foi obrigado a desaparecer.



- Graças a ti - disse-lhe o pai - ganhei essas riquezas imensas, portanto, quero tratar-te daqui por diante, até o fim de tua vida, como uma rainha.

- Não, meu pai, não posso mais ficar aqui, devo ir-me embora. Não faltarão por esse mundo além criaturas piedosas que me darão o necessário para viver.

Depois mandou que lhe amarrassem os cotos atrás das costas e quando o sol raiou despediu-se e pôs-se a caminho. Andou sem rumo certo, o dia inteiro até ao cair da noite. chegou assim ao jardim do palácio real e, como estivesse o luar muito claro, pode ver as árvores carregadinhas de frutos, mas não podia entrar no jardim, pois era cercado em toda a volta por um largo fosso.

Ora, tendo caminhado o dia inteiro sem comer nada, sentia-se desfalecer de tanta fome e pensou "Ah, quem me dera estar lá dentro e comer algumas frutas! Senão terei que morrer aqui de fome" Então ajoelhou-se e rezando fervorosamente invocou o auxílio de Deus. No mesmo instante, apareceu um anjo que abaixou uma comporta, esgotando a água do fosso e, assim, ela pode atravessá-lo.

Entrou no jardim, sempre acompanhada pelo anjo. Viu uma árvore carregada de frutas. Eram pêras bonitas e maduras, mas estavam todas contadas; a jovem aproximou-se da árvore e com a boca colheru uma pêra a fim de aplacar a fome. O jardineiro viu-a, mas como o anjo estava junto dela, ficou com medo, julgando que a moça fosse uma alma do outro mundo e não disse nada, nem mesmo ousou chamá-la ou interrogá-la. Tendo comido a pêra, que lhe matou a fome, ela foi esconder-se num bosque que havia ali por perto.

Na manhã seguinte, o rei desceu ao seu jardim e foi direitinho contar as pêras da pereira, notou que faltava uma e perguntou ao jardineiro que fim tinha levado, pois não a via ali no chão debaixo da árvore. portanto, estava mesmo faltando. O jardineiro então contou-lhe o ocorrido.

Quando escureceu, o rei desceu ao jardim. Trazia junto um padre, que devia interpelar a alma do outro mundo que o jardineiro vira. Sentaram-se os três: o rei, o padre e o jardineiro., debaixo da árvore e ficaram aguardando. Quando deu meia-noite, a moça saiu do bosque, chegou à pereira e comeu outra pêra, colhendo-a com a boca, continuava do seu lado o anjo de vestes brancas como a neve. O padre levantou-se, deu alguns passos em sua direção e perguntou:

- Vieste de Deus ou do mundo? És um espectro ou um ser humano?

- Não sou nenhum espectro - respondeu a moça - sou uma pobre criatura abandonada por todos, menos por Deus.

O rei, ouvindo isso, aproximou-se e disse-lhe:

- Se todos te abandonaram, eu não quero te abandonar, vem!

Levou-a para seu castelo e, notando o quão bela e piedosa era, logo se apaixonou. Ordenou que se lhe fizessem duas mãos de prata e depois casou-se com ela.

Passou-se um ano muito feliz, tendo, porém, que partir para a guerra, o rei recomendou a jovem rainha à sua mãe, dizendo:

- Assim que ela der à luz a criança que está esperando, cuidai bem dela e escrevei-me, imediatamente!



E a rainha deu à luz um lindo menino. A velha mãe apressou-se a escrever ao rei, annunciando a feliz nova. Pelo caminho, porém, o mensageiro, muito cansado, deteve-se perto de um riacho a fim de repousar um pouco e não tardou a adormecer. Não demorou muito e apareceu o diabo, que não perdia a menor ocasião para fazer mal à rainha; pegou a carta que o mensageiro levava e trocou-a por outra, que dizia ter a rainha dado à luz um monstrengo.

Ao receber a carta, o rei espantou-se e ficou profundamente desolado, porém respondeu dizendo que tratassem bem da rainha até o seu regresso. O mensageiro, de volta com essa outra carta, deteve-se outra vez no mesmo lugar para repousar e adormeceu. Então, o diabo aparecendo, tornou a substituir também essa por outra, na qual era ordenado que matassem a rainha e o filho.

Ao ler essa carta, a velha mãe ficou horrorizada, não podendo acreditar em tal ordem; então escreveu novamente ao filho mas não obteve resposta, porque o diabo sempre trocava as cartas e da última vez veio com ordem expressa de conservar a língua e os olhos da rainha como prova de sua morte.

A velha mãe chorava à idéia de ter que derramar aquele sangue inocente e não sabendo como sair-se de tão penoso encargo, durante a noite, pediu que lhe trouxessem uma gazela, cortou-lhe a língua, arrancou-lhe os olhos e guardou-os. Depois foi ter com a rainha dizendo:

- Não tenho coragem de executar as ordens do rei, que mandou matar-te, mas não podes continuar aqui, vai pois por esse mundo afora com o teu menino e não voltes mais.

Tendo dito o que devia, amarrou a criança nas costas da pobre mulher, que se foi toda chorosa.Chegando a uma grande floresta virgem, ajoelhou-se e pos-se a rezar, fervorosamente, o Anjo do Senhor apareceu-lhe e conduziu-a a uma casinha, na qual havia uma tabuleta com os seguintes dizeres: "aqui mora quem quiser, livremente". Da casinha saiu uma donzela alva como a neve e foi ao seu encontro:

- Sê bem-vinda, minha rainha!

Convidou-a para entrar, desamarrou a criança de suas costas e achegou-aao seio para que a amamentasse, deitando-a depois em um lindo bercinho. A pobre mãe lhe perguntou:

-Como sabe que sou a rainha?

- Sou um anjo enviado por Deus para cuidar de ti e do teu menino.

A ex-rainha viveu nesta casa por sete anos, sempr magnificamente tratadae, graças a sua piedade, Deus permitiu que lhe crescessem novamente as mãos.

Enquanto isso, o rei voltando da guerra, quis ver a esposa e o filho. A velha mãe, em prantos, recriminou-o:

- Homem perverso! Por que escrveste ordenando que matasse dois inocentes? - e mostrou-lhe as cartas falsificadas pelo demônio, acrescentando:

- Fiz quanto me ordenaste - e apresentou-lhe as provas pedidas: a língua e os olhos.

O rei não pode conter-se e desatou a chorar, e bem mais amargurado, pela sua querida esposa e pelo filhinho. Chorava tão desesperadamente que a velha mãe, apiedando-se dele, confessou:

- Acalma-te, não chores mais; ela aidna está viva. Mandei matar, em segredo, uma gazela e as provas que tens aí são a língua e os olhos dela. quanto a tua mulher, amarrei-le o filho às costas e disse-lhe que se fosse pelo mundo e prometesse nunca mais aparecer por aqui, pois tu estavas tão furioso, que receei por ela. O rei, acalmando-se, disse:

- Irei até onde acaba o azul do céu, sem comer, nem beber, a procura de minha querida esposa e de meu filhinho, se é que ainda não morreram de fome.

Pos-se a caminho. andou vagamento durante sete anos, sondando todos os penhascos e cavernas, mas não a encontrou e então julgou que tivessem morrido. Durante ese tempo todo não comeu, nem bebeu conforme havia prometido. Deus, porém, o manteve vivo e são. Finalmente, depois de tanto perambular, passou pela floresta virgem e encontrou a casinha com a tabuleta na qual estava escrito "Aqui mora quem quiser, livremente" Saiu de dentro dela a donzela alva como a neve que, pegando-lhe a mão, convidou- o a entrar:

- Sede bem-vindo, majestade! - e perguntou-lhe de onde vinha. Ele respondeu:

- Venho de longe! São quase sete anos que ando a procura de minha esposa e meu filho, mas não consigo encontrá-los.



O anjo ofereceu-lhe alimento e bebida, mas ele recusou, dizendo que só queria descansar um pouco. Deitou-se e cobriu o rosto com um lenço e fechou os olhos. O anjo então foi ao quarto onde estava a rainha com o menino, aquem pusera o nome de Doloroso, e disse-lhe:

- Vem e traz teu filho, acaba de chegar teu esposo.

A mulher foi e aproximou-se de onde ele estava dormindo; nisso caiu-lhe o lenço do rosto e ela disse ao menino:

- Doloroso, meu filho, apanha o lenço do teu pai e cobre-lhe o rosto.

O menino recolheu o lenço e cobriu o rosto do pai, este semi-adormecido apenas ouviu o que diziam e deixou cair outra vez o lenço. O menino então disse impaciente:

- Querida mamãe, como posso cobrir o rosto de meu pai? Eu não tenho pai na terra! Aprendi a oração que me ensinaste: Pai nosso que estás no céu. Tu sempre disseste que meu pai estava no céu e que era o bom Deus. Como posso agora reconhecer um homem tão selvagem? Este não é meu pai!

A estas palavras o rei sentou-se e perguntou a mulher quem era.

- Sou tua esposa - respondeu a rainha - e este é teu filho Doloroso.

vendo que as mãos dela eram verdadeiras, disse o rei:

- Minha esposa tinha mãos de prata!

Foi o bom Deus que me fez crescer estas mãos naturais - respondeu ela

O anjo então foi ao quarto dela e trouxe as mãos de prata, mostrando-as ao rei. Isso convenceu o rei que ela era realmente a sua esposa e o menino seu filho. Apertou-os em seus braços ebeijando-os com grande ternura disse:

- Agora caiu-me um grande peso do coração.



O anjo do Senhor mais uma vez serviu-lhes comida e bebida. Depois regressaram todos ao palácio, para junto da velha mãe. Houve grande alegria por todo o reino, e o rei e a rainha celebraram outra vez as suas núpcias, vivendo felizes até a sua santa morte.

Irmãos Grimm

PS: Esta história foi cercada de muita sincronicidade... Pois em um dia em que contava para a chefinha sobre uma crise de choro que tive, ela, exímia contadora de histórias, disse "as lágrimas limpam!" e citou este conto, que eu não conhecia. No mesmo dia, de noite, fui até a loja do meu irmão, um sebo, e ao folhear um livro dos Irmãos Grimm encontrei esta história, da qual nunca tinha ouvido falar até aquele mesmo dia de manhã. Comprei o livro na hora!

Saturday, September 11, 2010

Meu mais novo herói!


"Aqui estou eu, descendente dos que povoaram a América há 40 mil anos, para encontrar os que a "descobriram" há 500... O irmão europeu da alfândega pediu-me um papel escrito, um visto, para poder descobrir os que me descobriram. O irmão financeiro europeu pede ao meu país o pagamento, com juros, de uma dívida contraída por Judas, a quem nunca autorizei que me vendesse. Outro irmão europeu explica-me que toda a dívida se paga com juros, mesmo que para isso sejam vendidos seres humanos e países inteiros, sem lhes pedir consentimento.

Eu também posso reclamar pagamento e juros. Consta no "Arquivo da Companhia das Índias Ocidentais" que, somente entre os anos de 1503 e 1660, chegaram a São Lucas de Barrameda 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata provenientes da América.

Teria aquilo sido um saque? Não acredito, porque seria pensar que os irmãos cristãos faltaram ao sétimo mandamento!

Teria sido espoliação? Guarda-me, Tanatzin, de me convencer que os europeus, como Caim, matam e negam o sangue do irmão.

Teria sido genocídio? Isso seria dar crédito aos caluniadores, como Bartolomeu de Las Casas ou Arturo Uslar Pietri, que afirmam que a arrancada do capitalismo e a actual civilização europeia se devem à inundação dos metais preciosos tirados das Américas.

Não, esses 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata foram o primeiro de tantos empréstimos amigáveis da América destinados ao desenvolvimento da Europa. O contrário disso seria presumir a existência de crimes de guerra, o que daria direito a exigir não apenas a devolução, mas uma indenização por perdas e danos.

Prefiro pensar na hipótese menos ofensiva.

Tão fabulosa exportação de capitais não foi mais do que o início de um plano "Marshall Montezuma", para garantir a reconstrução da Europa arruinada por suas deploráveis guerras contra os muçulmanos, criadores da álgebra e de outras conquistas da civilização.

Para celebrar o quinto centenário desse empréstimo, podemos perguntar: Os irmãos europeus fizeram uso racional responsável ou pelo menos produtivo desses fundos?

Não. No aspecto estratégico, dilapidaram-nos nas batalhas de Lepanto, em navios invencíveis, em terceiros reichs e várias outras formas de extermínio mútuo.

No aspecto financeiro, foram incapazes - depois de uma moratória de 500 anos - tanto de amortizar capital e juros, como de se tornarem independentes das rendas líquidas, das matérias-primas e da energia barata que lhes exporta e provê todo o Terceiro Mundo.

Este quadro corrobora a afirmação de Milton Friedman, segundo a qual uma economia subsidiada jamais pode funcionar, o que nos obriga a reclamar-lhes, para seu próprio bem, o pagamento do capital e dos juros que, tão generosamente, temos demorado todos estes séculos para cobrar. Ao dizer isto, esclarecemos que não nos rebaixaremos a cobrar de nossos irmãos europeus, as mesmas vis e sanguinárias taxas de 20% e até 30% de juros ao ano que os irmãos europeus cobram dos povos do Terceiro Mundo.

Limitar-nos-emos a exigir a devolução dos metais preciosos, acrescida de um módico juro de 10%, acumulado apenas durante os últimos 300 anos, concedendo-lhes 200 anos de bónus. Feitas as contas a partir desta base e aplicando a fórmula europeia de juros compostos, concluimos, e disso informamos os nossos descobridores, que nos devem não os 185 mil quilos de ouro e 16 milhões de quilos de prata, mas aqueles valores elevados à potência de 300, número para cuja expressão total será necessário expandir o planeta Terra.

Muito peso em ouro e prata... quanto pesariam se calculados em sangue?

Admitir que a Europa, em meio milénio, não conseguiu gerar riquezas suficientes para estes módicos juros, seria admitir o seu absoluto fracasso financeiro e a demência e irracionalidade dos conceitos capitalistas.

Tais questões metafísicas, desde já, não nos inquietam a nós, índios da América. Porém, exigimos a assinatura de uma carta de intenções que enquadre os povos devedores do Velho Continente na obrigação do pagamento da dívida, sob pena de privatização ou conversão da Europa, de forma tal, que seja possível um processo de entrega de terras, como primeira prestação de dívida histórica..."

Quando terminou seu discurso diante dos chefes de Estado da Comunidade Européia, Guaicaípuro Guatemoc não tinha a menor idéia de que acabara de expor uma tese de Direito Internacional para determinar a verdadeira dívida externa.

Fonte:
http://www.novae.inf.br/site/modules.php?name=Conteudo&pid=1456


Thursday, September 02, 2010

Vida saudável

Bons ventos primaveris por aqui!

Quando retomo meu gosto pela cozinha é sinal de que as nuvenzinhas escuras saíram de cima da minha cabeça!

Nos últimos dias tenho feito sempre uma saladinha charmosa, saudável, bonita e gostosa (é salada, tá, gente! rs), pra mim e pro marido, antes do almoço propriamente dito. Marido está adorando o novo charme... São aquelas coisas que a gente sabe, mas acaba deixando pra lá... Tem a ver com o fato dos legumes e verduras serem assimilados pelo organismo mais rapidamente, o lance das enzimas, blablablá, essas coisas...rs É sempre bom primeiro comer a salada e depois o restante da comida.

A saladinha de hoje teve participação especial da rúcula e da salsinha colhidas no quintal, além da alface, da cenoura e da cebola da quitanda mesmo. Temperinho de shoyo e azeite extra-virgem (amo azeite!)

Também andei fazendo uns bolos gostosos, mas como faço eles de noite, quando a iluminação pra foto é péssima, eles não costumam durar inteiros até o dia seguinte quando há luz suficiente. Sabe como é, o marido é guloso e passa a manhã inteira sozinho em casa: ele e o bolo. É exigir demais do auto-controle de um homem...rs